Não direi que iniciei o ano com pé esquerdo, mas os primeiros dias de 2010 têm sido um tanto "desafiadores" para mim. Vejo meus ideais e valores colocados em prova. E comprovo a resistência que existe em mim, e que por isso não me “encaixo” naquilo que “todos devem ser”, o que “todos não devem falar”... enfim, o que “todos devem aceitar”... Fico frustrada , decepcionada e com a uma rápida vontade de desistir de tudo.Ou seja, desistir das pessoas, do Direito, dos políticos, dos juristas, dos professores, conselheiros...Parece que sou pessimista, porém, não sou, tanto que não desistirei. Mas eu tenho a consciência que enfrentar o lado “mais forte”(sendo eu o “lado mais fraco”) contra uma injustiça pode me causar algumas “perdas”, mas me sentiria bem mais "perdedora", pequena e covarde, se eu ficasse em silêncio,sem reclamar, sem me indignar, principalmente, sem lutar.Eu me sentiria inútil, sem nenhuma dignidade de viver.Pois, muito mais do que existir, eu quero viver.Formei meus ideais, minhas concepções, “minha moral”...pode ser que o tempo e as pessoas o destruam, estamos sempre suscetíveis a isso, mas resistirei até quando puder. Eu me trair, mentir... para mim, não tem sentido.Que eu seja julgada; que me atirem pedras; que falem mal de mim;que me achem doida;que queiram distância...mas não vou consentir com falsos moralistas, com hipócritas, com exploradores da mão de obra e do sentimento do “outro”.Não irei me calar por medo ou repreensão.Meu maior medo é de mim, das conseqüências que as feridas do mundo, ainda explorado, podem me causar.Lembro e sinto muita falta do quanto era bom ser apenas criança e não conhecer o lado negativo da vida e das pessoas... a maldade, as injustiças, os descasos, o abandono...mas já que conheci, não tem volta, eu não aprendi que tudo isso é normal, que faz parte do mundo, e que a vida é assim.A vida é assim- injusta, cruel, vergonhosa,hipócrita- quando aceitamos que ela seja assim;quando temos medo de perder o emprego;perder os "amigos";àquela chance; perder as influências; o reconhecimento na sociedade.Se normal é quando ninguém nos chama de loucos, porque somente os "loucos "enfrentam e não se acostumam com aquilo que significa ser normal paras as "pessoas normais";Se é normal quem aceita e se cala diante alguma injustiça, eu sou totalmente louca, me internem... pois eu não me calarei, não cruzarei os braços, não temerei “o lado mais forte”, aqueles que querem me manter calada...Eu estou viva, creio que isso resume “tudo”.





"...porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro - existe a quem falte o delicado essencial."
(Clarice Lispector)